Prezado Diário,
Você, que acompanha
minha vida de pertinho, sabe como gosto de pensar sobre tudo – embora, muitas
vezes, não chegue a conclusões brilhantes sobre nada...
Impossível, nestes
tempos em que estamos vivendo, não pensarmos no significado de cidadania,
honestidade, ética.
Nestes últimos dias, o
país está redescobrindo sua voz; buscando um caminho para expressar seu
descontentamento; tomando as ruas com solicitações justas, que representam os
anseios da maioria dos brasileiros – mesmo daqueles que, como eu, assistem tudo
pela televisão.
Várias vezes nesses
últimos dias, senti um arrepio pelo corpo ao ouvir o hino nacional cantado nas
escadarias das estações de metrô; nas praças, nas avenidas... como é lindo ver
o povo unido e lutando pelo melhor uso do nosso rico e suado dinheiro pago em
impostos, tarifas, encargos, etc etc...
cujo destino tem sido, nos últimos anos, viajar entre testículos de
políticos ou politiqueiros corrompidos pela ganância e a desonestidade – para não
mencionar outros meios de transporte ainda mais bizarros do dinheiro ganho
ilicitamente.
O povo tem visto seus
ídolos – como Aurélio Miguel – receber propina de carro forte, tamanho o volume
a ser recebido... e outros, todos
levados pelo dinheiro fácil; pelos propinodutos que encardem nosso solo e que -
até poucos dias atrás - nos levava a pensar que nada poderia mudar o status quo;
impotentes que nos sentíamos para lutar contra o dreno sem fim da corrupção.
Agora, vendo milhares
de centenas de jovens, adultos, e idosos empunhando cartazes fabricados em suas
casas, apartidários, vestindo o branco da paz, enfrentando represálias e bombas
de gás para exigirem um país melhor – cresce em mim a esperança de que pode ainda
haver uma luz para iluminar o caminho novo a ser construído e trilhado.
Vendo essas multidões rebeladas, me vem à memória um texto declamado por Ana Carolina – que não sei dizer se é de autoria dela ou não – mas isso pouco
importa... importa o conteúdo, a
mensagem que deveria ser lida em cada sala de aula, em cada manifesto, em cada
reunião de família...
Este texto se tornou mais importante ainda depois de ontem, quando minha filha de
dezessete anos, participante ativa de todas os manifestos, me perguntou: Mãe,
você acha que estamos fazendo história? Estamos mudando o curso das coisas?
Eu
quero crer que sim!!! Quero acreditar
que vocês – nós – demos o primeiro passo para grandes mudanças. Desta vez,
quero acreditar caro Diário, que minha esperança não será novamente posta a prova. Quero crer que, desta vez, deixará de ser somente esperança e se tornará coisa concreta, alicerçada que está pela voz de milhões de
brasileiros.
Só de Sacanagem
Meu
coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
" - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba."
E eu vou dizer:
"- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
E eu direi:
" - Não admito! Minha esperança é imortal!"
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
" - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba."
E eu vou dizer:
"- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
E eu direi:
" - Não admito! Minha esperança é imortal!"
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.