Prezado diário,
Estou chegando ao término de mais uma jornada. Hoje conclui
minha tese de doutorado. Foram quatro anos de muita reclusão, pouca diversão, e
algumas perdas. Foram também anos de crescimento, de aprimoramento, da
descoberta de que sou capaz de vencer os obstáculos mais variados e concluir um
projeto.
Sempre ouvi dizer que a cada escolha deixamos algo de lado.
Não é possível trilharmos duas estradas ao mesmo tempo; nos dedicarmos a dois
objetivos que demandem de nós o mesmo tempo e dedicação. Toda opção traz
implícita uma perda. Claro que sempre haverá vozes discordantes, pessoas que
conseguem equilibrar pratos, tocar flauta, descascar uma fruta, e ainda
assobiar... mas eu não sou assim.
Olho para o caminho que deixei de trilhar e sinto um aperto
no coração, pois foi justamente ele o mais prejudicado pelas escolhas que fiz
para poder chegar ao objetivo que, apesar de ter chegado ao fim, aponta para um
recomeço... como pode perceber,
caríssimo Diário, não foi só você o abandonado... também o foram minha família, minhas amigas (os), e o coração... não totalmente, claro... mas abandonados mesmo assim.
Como sempre, procuro o lado bom das coisas e ser otimista.
Para algumas trilhas deixadas, muito possivelmente jamais encontrarei um
caminho de volta. Ficarão lá, sendo tomadas pelo mato da vida, consumidas pelo
tempo, e nem mesmo o brilho da lua cheia fornecerá luz para iluminar o trajeto
que me possibilitaria retornar. Para
outras, há volta... porque agora terei
tempo para cuidar mais e melhor das coisas e pessoas que cuidei menos do que
deveria – sempre dependente de elas ainda me quererem como parceira de jornada,
claro.
Hoje dormirei em paz. Missão cumprida. Agora é pensar novos projetos
de vida.
Esta noite, conversarei longamente com meu parceiro de todas
as noites, um cachorro de pelúcia que dorme ao meu lado; olharei para o ninho
que um dia pensei ter encontrado, e tentarei – a despeito das perdas - sonhar sonhos bons.
Sou Fenix, lembra-se Diário? Hoje me sinto consumida pelas
cinzas... mas amanhã – que não precisa
ser necessariamente o dia depois de hoje – renascerei inteira e resplandecente –
porque este tem sido meu destino: recomeçar, retomar, reiniciar, me
reencontrar.
Obrigada, Diário, por ter me esperado por todos esses anos
nesse silêncio cúmplice e sem cobranças. Obrigada por seu apoio incondicional. Obrigada
por estar ai ainda, esperando por mim. Eu voltei!!!
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